- Como se caracteriza
o discurso publicitário?
O discurso publicitário é dirigido a um público particular, tenta responder
a necessidades, mas também as cria. Propõe de forma condensada uma visão do
mundo perfeita, de acordo com um sistema valorativo construído. É sedutor, pois
dirige um apelo específico à sensibilidade e emoção das pessoas que passam a
desejar o produto para serem felizes, bonitas, realizadas ou bem-sucedidas.
Nesta sequência, a publicidade faz promessas veladas porque atua a um nível
implícito e inconsciente, ao mesmo tempo que sugere associações dando-nos a
ilusão de que o “ser assenta no ter”, isto é, somos em função do número de
objectos que temos. Ao optar por mensagens curtas, constituídas por imagens e
sonoridades, facilmente entra na memória para aí serem registadas por longos
períodos de tempo ou até toda a vida.
Filipe Bastos, 11ºB
- Sofistas e Sócrates: que oposição?
Sofistas e Sócrates situam-se em
domínios opostos. Os primeiros mais preocupados com a eficácia do discurso do
que com o seu conteúdo visavam, claramente, a conquista do poder através da
captação do auditório. Sócrates, cujos ensinamentos nos foram transmitidos por
Platão, seu discípulo, procurava a verdade, o esclarecimento, a compreensão, o
aperfeiçoamento do ser humano e a investigação teórica. Os sofistas tinham
objetivos práticos: preparar os jovens para a disputa política e jurídica.
Preocupavam-se mais com a forma (o modo como se diz) do que com o conteúdo
(aquilo que se diz). Colocavam o seu saber ao serviço de qualquer causa porque
o seu lema era “Convencer para dominar”. Os sofistas lutam pela conquista do
poder, chegando a utilizar sofismas, erros voluntários, de má-fé com o
objectivo de manipular. Como não acreditavam em valores absolutos consideravam
a opinião conhecimento. Os sofistas são a favor do relativismo gnosiológico.
Por sua vez Sócrates denomina-os “homens de duas faces” porque andavam ao sabor
das suas conveniências particulares. Do lado oposto aos seus adversários,
procurava a verdade por amor. Para o filósofo a opinião não é conhecimento
porque está ao serviço de interesses particulares e egoístas. Sócrates é contra
o relativismo gnosiológico porque a razão é universal.
Bernardo
Teixeira, 11ºB
- Argumentar é
demonstrar?
Decididamente argumentar não é demonstrar. Se na demonstração
se apresenta uma organização discursiva com provas lógicas irrecusáveis que nos
levam a aceitar uma conclusão, na argumentação parte-se de razões a favor ou
contra uma tese com o objetivo de obter a adesão das pessoas. A demonstração
visa a relação necessária entre as premissas e a conclusão, sendo do domínio da
evidência e da necessidade. A prova é impessoal e a sua validade não depende da
opinião, sendo isolada do contexto. Por sua vez a argumentação está sempre
aberta ao debate, sendo do domínio do verosímil, do plausível ou do provável.
Aqui domina a intersubjectividade, sendo dependente do orador e do auditório, é
sempre contextualizada no espaço e no tempo. Podemos então concluir que a
demonstração parte de premissas, sendo do domínio do constringente porque
domina a autoridade lógica que se dirige a um auditório universal. O discurso
usado na demonstração é normalmente o do campo das ciências, como a Matemática
e a Física. Pelo contrário, o discurso usado na argumentação é normalmente o do
campo da política ou da publicidade onde se explora a equivocidade da linguagem
natural e onde o ethos, o pathos e o logos mais se evidenciam para captar a adesão do auditório. Logo,
argumentar não é demonstrar.
Rodrigo Magalhães, 11ºB