sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Os textos que fizeram Filosofia



 O conhecimento contribui para a evolução e para a compreensão do que nos rodeia. Existem três tipos de conhecimento distintos. O conhecimento prático, o conhecimento por contacto e o conhecimento proposicional. O conhecimento prático é adquirido a partir da experiência, do treino de uma habilidade que implica a execução contínua de uma atividade específica. O conhecimento por contacto é obtido a partir da experiência direta com a realidade exterior. Quanto ao conhecimento proposicional fundamenta-se a partir da razão, utilizando um sujeito e um predicado, na forma "S é P". O único que interessa à filosofia é o conhecimento proposicional, podendo este ser classificado em relação à quantidade e à qualidade, tendo também valor de verdade. Nesta sequência, tradicionalmente o conhecimento é definido como uma crença, verdadeira, justificada, de acordo com a definição tripartida do conhecimento, exposta no Teeteto. Com efeito são estas as três condições necessárias para haver conhecimento. A crença é a adesão do sujeito a uma determinada ideia, contudo não basta ser uma crença para haver conhecimento. Esta necessita de se adequar ou corresponder à realidade e da existência de razões que a sustentam ou seja, ser verdadeira e justificada respetivamente. O problema que esta definição levanta e que foi colocado por Gettier relaciona-se com as condições que são exigidas para que o conhecimento seja definido desta fora. À primeira vista parecem ser condições necessárias para definir o conhecimento. O problema reside em saber se, em conjunto, estas condições são suficientes para definir conhecimento. Com efeito Gettier critica que uma crença, que preencha os três requisitos considerados suficientes para que haja conhecimento, pode não significar conhecimento e ainda sustenta que a justificação de uma crença verdadeira nem sempre é suficiente para que um indivíduo possa afirmar conhecimento. Em suma, a sua crítica descreve que as três condições podem estar conjuntamente satisfeitas sem que exista conhecimento. Um contraexemplo à conceção tripartida seria: se eu jogar no Euro milhões e acreditar que vou ganhar e, por sorte, ganho, não significa que adquiri conhecimento, pois eu não tinha a noção de que estava na posse da chave vencedora.
Concluindo, na minha opinião, concordo com Gettier, pois defendo que nem sempre a conceção tripartida significa conhecimento, já que existem acontecimentos que não dependem de nós e são obra do acaso. Em contrapartida, a conceção tripartida não está totalmente errada, pois muitas crenças necessitam de justificação e de corresponder à realidade.

Ana Sandiares, 11ºA

10 comentários:

  1. A aluna escreveu o texto com eloquência, o discurso estava bem organizado e claro.
    A crítica de Gettier à conceção tradicional do conhecimento foi muito bem explicada, bem como a forma como este afirma a falibilidade do conheciemnto.

    Ana Cerqueira nº2 11ºA

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  2. Não podemos deixar de referir os dois tipos de crença: a epistemológica baseada na experiência observada e a religiosa formada com base numa entidade suprema, Deus. Neste texto em particular interessa a crença epistemológica, pois é a epistemologia que se dedica ao estudo de problemas como a origem, a natureza e a possibilidade do conhecimento. Na filosofia de cartesiana o conhecimento tem origem na razão, nas ideias inatas claras e distintas. partindo do problema da possibilidade do conhecimento Descartes é dogmático crítico, pois para ele o sujeito pode conhecer sendo assim, um conhecimento infalível, depois de passar pelo crivo da dúvida metódica. Esta perspetiva está relacionada com os juízos a priori mas estes têm pontos fortes e pontos fracos. Os pontos fortes destes juízos são serem necessários e universais, os seus pontos fracos é serem estéreis, ou seja nada acrescentam de novo.
    Para finalizar, a autora explicita muito bem a crítica feita por Edmund Gettier à conceção tradicional do conhecimento apresentando um contraexemplo muito pertinente e elucidativo."

    Francisca Arques n°12 11°A

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. O texto está escrito de uma forma muito organizada permitindo a fácil compreensão.
    A aluna mostra como, para Gettier, uma crença verdadeira justificada pode não ser conhecimento.

    Ana Melim nº3 11ºA

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  6. Este é um texto que foi escrito de uma forma muito organizada fazendo que que o leitor consiga compreender bem o texto.A autora indica que, para Gettier, as crenças verdadeiras justificadas podem não ser apenas conhecimento.

    António Ferreira nº6 11ºA

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  7. Bem estruturado e organizado . Concordo com autora quando diz “ nem sempre a conceção tripartida significa conhecimento ... “, embora “ a concepção tripartida não está totalmente errada, pois muitas crenças necessitam de justificação e de corresponder à realidade.”

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  8. De acordo com a análise ou definição tradicional do conceito de conhecimento proposicional (conhecimento como crença verdadeira justificada) realizada por Platão, o conhecimento proposicional envolve três condições fundamentais:
    1ª condição: Crença ou opinião (doxa): S acredita que P ou João acredita que Saturno é um planeta;
    2ª condição: Verdade (aletheia): P é verdadeira ou Saturno é um planeta é verdadeiro;
    3ª condição: Justificação (logos): S dispõe de justificação ou provas para acreditar que P ou João tem provas para acreditar que Saturno é um planeta.
    Estas condições são separadamente necessárias para o conhecimento – se pelo menos uma delas não for satisfeita, não estaremos perante um exemplo de conhecimento.
    Estas condições são também conjuntamente suficientes para o conhecimento – se todas elas forem satisfeitas (isto é, se um sujeito tem uma crença verdadeira justificada), então estamos seguramente perante um exemplo de conhecimento.
    No séc XX, Gettier apresentou um conjunto de contraexemplos que procuravam mostrar que nem toda a crença verdadeira justificada constitui conhecimento, isto é, que as condições 1,2 e 3 não são conjuntamente suficientes para o conhecimento. Gettier pensa, portanto, que é possível ter uma crença verdadeira justificada por acaso ou sorte, mas ainda assim não ter conhecimento.
    Se, para existir conhecimento, não é suficiente que exista uma crença justificada, o que mais será necessário para garantir o conhecimento? A análise tradicional parece estar incompleta. É preciso encontrar uma quarta condição que permita evitar este e outros contraexemplos.

    Diana Cruz n8 11A

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  9. Este texto está muito bem formulado e explica sucintamente a definição de conhecimento.

    Maria Inês Amador 11A

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  10. Estou de acordo com a opinião da Ana Sandiares, pois muitas vezes nós estamos na posse de conhecimento e é fruto do acaso, da sorte ou mera coincidência.

    Maria Inês Amador 11A

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