terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Os textos que fizeram Filosofia

- Como se caracteriza o discurso publicitário?


O discurso publicitário é dirigido a um público particular, tenta responder a necessidades, mas também as cria. Propõe de forma condensada uma visão do mundo perfeita, de acordo com um sistema valorativo construído. É sedutor, pois dirige um apelo específico à sensibilidade e emoção das pessoas que passam a desejar o produto para serem felizes, bonitas, realizadas ou bem-sucedidas. Nesta sequência, a publicidade faz promessas veladas porque atua a um nível implícito e inconsciente, ao mesmo tempo que sugere associações dando-nos a ilusão de que o “ser assenta no ter”, isto é, somos em função do número de objectos que temos. Ao optar por mensagens curtas, constituídas por imagens e sonoridades, facilmente entra na memória para aí serem registadas por longos períodos de tempo ou até toda a vida.
                                                                                                                 Filipe Bastos, 11ºB



- Sofistas e Sócrates: que oposição?


Sofistas e Sócrates situam-se em domínios opostos. Os primeiros mais preocupados com a eficácia do discurso do que com o seu conteúdo visavam, claramente, a conquista do poder através da captação do auditório. Sócrates, cujos ensinamentos nos foram transmitidos por Platão, seu discípulo, procurava a verdade, o esclarecimento, a compreensão, o aperfeiçoamento do ser humano e a investigação teórica. Os sofistas tinham objetivos práticos: preparar os jovens para a disputa política e jurídica. Preocupavam-se mais com a forma (o modo como se diz) do que com o conteúdo (aquilo que se diz). Colocavam o seu saber ao serviço de qualquer causa porque o seu lema era “Convencer para dominar”. Os sofistas lutam pela conquista do poder, chegando a utilizar sofismas, erros voluntários, de má-fé com o objectivo de manipular. Como não acreditavam em valores absolutos consideravam a opinião conhecimento. Os sofistas são a favor do relativismo gnosiológico. Por sua vez Sócrates denomina-os “homens de duas faces” porque andavam ao sabor das suas conveniências particulares. Do lado oposto aos seus adversários, procurava a verdade por amor. Para o filósofo a opinião não é conhecimento porque está ao serviço de interesses particulares e egoístas. Sócrates é contra o relativismo gnosiológico porque a razão é universal.
Bernardo Teixeira, 11ºB



- Argumentar é demonstrar?


Decididamente argumentar não é demonstrar. Se na demonstração se apresenta uma organização discursiva com provas lógicas irrecusáveis que nos levam a aceitar uma conclusão, na argumentação parte-se de razões a favor ou contra uma tese com o objetivo de obter a adesão das pessoas. A demonstração visa a relação necessária entre as premissas e a conclusão, sendo do domínio da evidência e da necessidade. A prova é impessoal e a sua validade não depende da opinião, sendo isolada do contexto. Por sua vez a argumentação está sempre aberta ao debate, sendo do domínio do verosímil, do plausível ou do provável. Aqui domina a intersubjectividade, sendo dependente do orador e do auditório, é sempre contextualizada no espaço e no tempo. Podemos então concluir que a demonstração parte de premissas, sendo do domínio do constringente porque domina a autoridade lógica que se dirige a um auditório universal. O discurso usado na demonstração é normalmente o do campo das ciências, como a Matemática e a Física. Pelo contrário, o discurso usado na argumentação é normalmente o do campo da política ou da publicidade onde se explora a equivocidade da linguagem natural e onde o ethos, o pathos e o logos mais se evidenciam para captar a adesão do auditório. Logo, argumentar não é demonstrar.
Rodrigo Magalhães, 11ºB







5 comentários:

  1. Os textos estão bem estruturados com uma linguagem simples e fácil de entender mantendo ao mesmo tempo o rigor necessário para ser um texto completo.

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  2. Li todos os textos que “fizeram filosofia”. Verifiquei que abordaram muito bem os temas trabalhados nas aulas. A mensagem está clara, as ideias foram expostas com precisão e a informação, globalmente, tocou nos aspetos essenciais. Li os textos com mais atenção. Pareceu-me que o segundo, sobre a oposição sofistas e Sócrates, poderia ter sido mais desenvolvido em relação ao filósofo, que procurava o saber por amor. Sendo um autor que tão bem enfrentou a manipulação dos que se julgavam sábios, seria pertinente desenvolver mais ideias, com mais pormenor, pois estamos diante de um autor crítico que usou o diálogo como método para chegar à verdade. Comentários à parte, todos os textos estão bem conseguidos porque utilizam uma linguagem acessível sem nunca perderem a exigência complexa dos temas.

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  3. Na minha opinião, os textos supra abordam matérias de forma concisa e clara.

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  4. Acho que este texto aborda muito bem as características do discurso publicitário que tem como finalidade não só responder a necessidades mas também criá-las. A forma como a mensagem é transmitida explorando imagens e sons cativantes para a mente humana faz-nos desejar a posse dos objetos e bens materiais publicitados. É indiscutível que o discurso publicitário depende fortemente do pathos porque explora sentimentos e emoções sobrepondo-se muitas vezes ao poder da razão.
    Luís Leite 11ºA nº16

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  5. O discurso publicitário ajudou me a entender melhor as intenções tomadas pelas empresas que publicitam agradando aos seus espectadores (auditório ) para que estes comprem um determinado produto ou se comprometam com algo relacionado .
    A apresentação neste blogue de Sócrates e dos sofistas ensinou me como identificar um sofista na atualidade, como por exemplo advogados, políticos, entre outros, que pretendem convencer um auditório a aderir à sua tese com base num discurso bem estruturado .
    Este blogue está muito bem estruturado e recomendo que todos o vejam

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